Olá @OthonMoraes e @LauraM. Confesso que não estou passando por este problema de forma direta, porque meu público sempre foi o aluno que busca EaD. No entanto eu gostaria de compartilhar uma situação que está ocorrendo na Universidade Federal da Bahia onde curso graduação em Direito. Na UFBA é notória as constantes interrupções do curso pelos mais diversos motivos. Em 2018 foram greves e mais greves de professores, em 2019 foram os protestos contra o contigenciamento do governo, seguido por greve dos terceirizados, depois tivemos paralisação devido a greve no transporte público, tem os tradicionais dias sem aulas por causa das fortes chuvas que alagam o Campus e mal começamos 2020 tivemos a derraderia paralisação por conta da COVID-19. Nas Assembleias supostamente convocadas para discutir a situação, constatei uma forte resistência ao uso do EaD, mesmo que de forma parcial. A resistência é tanta que gera uma comoção entre os presentes, protestos veementes, acusações ideológicas de toda ordem e uma forte pressão para que o tema sequer seja colocado. Nos grupos do Zap criados pelos alunos a mesma coisa. Basta citar a EaD para o incauto ser vítima de bullying e ser tratado como se houvesse insultado a mãe de alguém. Forçando a barra surge a alegação de que o problema do EaD é que ele alargaria as diferenças sociais, pois nem todos têm acesso aos meios para estudar online. De nada adianta sugerir que seria melhor trazer quem não tem para frente do que levar quem tem para trás. A resistência é forte e institucional. Recentemente, por conta da COVID-19, não sei se por obrigação ou "pro forma", a UFBA enviou uma enquete sobre as condições do alunos para uma "possível" implementação de suporte EaD no futuro. Mas na carta convite para preencher o formulário, o reitor ou quem redigiu, já declara que "EaD não funciona" que "é a educação EaD é de péssima qualidade", demonstrando que não há mesmo interesse nesse tipo de Educação. Além disso, particularmente suspeito de que a aversão ao EaD nas federais também tenha a ver com a perda de poder do professor. Na EaD o poder passa para a TI, para o sistema, para a plataforma, sendo o professor um instrumento importante, porém menos necessário do que na aula presenciail. Da mesma forma, na EaD o número de docentes necessários é menor, o que poderia causar baixas na categoria, cujo salário começa em 5 mil e chega fácil aos 15 mil reais pelo trabalho em meio expediente. Há também o fator doutrinação, que não poderá ser feito em ambiente EaD. Já presenciei apologia ao consumo de entorpecente, doutrinação marxista, discurso político, incitação a protestos, atos que não teriam como ser perpetrados no ambiente virtual. Outro ponto a considerar é que a maioria dos professores universitários que tive até então, e estamos falando de algo em torno de 300 professores em 15 anos, devido as minhas tantas graduações, a grande maioria se mostrou incopentente ao lidar com o computador para tarefas simples relacionadas a inserir um pendrive e pôr um Powerpoint para funcionar. Que dirá encarar um ambiente virtual, organizar salas de aulas, ter que lidar com fóruns. A maioria dos docentes é de uma geração com pouca ou nenhuma familiaridade com a informática e se conseguem usar bem (?) um smartphone é que, segundo Steve Jobs, ele foi feito para "qualquer idiota conseguir usar". No ambiente virtual de aprendizagem não é qualquer idiota não. Face ao exposto, apesar de a experiência com a COVID-19 ter exposto todo tipo de falha estrutural nos países, a resistência a EaD persistirá e, agora concordando com o @OthonMoraes, o risco é a adoação da EaD de qualquer jeito ou implementação por pessoal despreparado e as pessoas pensarem que a EaD ruim é regra, não exceção.
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